Profª. Dra. Fernanda Henrique Cupertino Alcântara

Olás, O 37º filme tem uma proposta bastante diferença do convencional. Discute o racismo a partir de uma perspectiva que cita o confronto e os linchamentos de modo muito menos destacado, dando ênfase à participação de brancos nos bairros e festas "de negros", assim como ao fato de mulheres negras que "se passavam por brancas". O filme também retrata a violência contra a mulher e as classes sociais. Aqui cabe um destaque: ser mulher negra e ser mulher branca; ser mulher negra com recursos e ser mulher negra sem recursos; entre outras chaves de contraste que aparecem de modo muito sutil ao longo do filme. Destaco aqui a obra de  Anna Julia Cooper, A Voice from the South , de 1892. Essa teórica esquecida e que contribuiu para pensar a escravidão, a passagem a liberdade e o tratamento conferido aos ex escravos na sociedade norte americana. Outro autor importante para o período certamente foi  W.E.B. Du Bois, cujos artigos e livros podem ser utilizados para analisar a qu

Olás, 36º filme para emplacar aquele domingo. Faz já algum tempo que gostaria de publicar sobre esse filme, mas considerei que era uma tarefa difícil escolher um recorte. O filme não tem nada de senso comum, absolutamente nada do que você imaginar que irá acontecer ou que faça sentido para você será encontrado na obra. E esse é meu ponto para pensarmos a relação com a análise sociológica. Geralmente penso no diálogo com a bibliografia ou autoras/autores com os quais estou trabalhando no momento e como, atualmente, leciono para o primeiro período do Curso de Direito, isso acaba por interferir no recorte que aqui estou adotando, com a intenção de estabelecer um contato direto com minhas alunas/meus alunos. Como essas postagens sobre filmes também cumprem, neste semestre, o papel de conformar o leque de escolhas disponível para as alunas/os alunos realizarem sua primeira atividade avaliativa, isso faz com que os comentários sejam mais restritos também. Vou me ater aqui a essa perspectiva

Olás, Boa noite. Ainda no empenho para deixar ao menos 50 indicações de filmes para que minhas alunas e meus alunos possam utilizar na primeira atividade avaliativa da disciplina Sociologia , no Curso de Direito da UFJF-GV, publicarei agora o 35º da lista. Não discuto que filmes ruins podem servir para debater teoria sociológica e assuntos diversos, tocados de modo equivocado ou sensato na obra. Mas, filmes bons servem à alma. Nos tempos atuais, com tanto discurso de ódio, misoginia, fascismo e racismo exacerbados, nada melhor do que um simples, bom, minimalista e humano filme que fale sobre as dificuldades cotidianas e sobre convergências e especificidades. Vale lembrar aqui a Introdução à Sociologia , de Norbert Elias, ao falar sobre a natureza humana: o que nos torna semelhantes e o que nos diferencia nas mais diversas sociedades. Também é uma boa indicação a Sociologia da Moral de Harriet Martineau, bem como a sua discussão sobre a mesma natureza humana existir em qualquer sociedad

Olás, E como é sexta-feira, vamos fechando o dia com o 33º filme do blog. Ok, de novo, não é "aquele filme", é só mais um filme norte-americano sem grandes expectativas e com um final brega mais do que esperado. Contudo, permitam-me trazer esse para pensarmos possibilidades de contato e exemplificação da teoria sociológica. Eu assisti a esse filme sem me preocupar com o desenrolar da história, crente que estava de que o formato norte-americano é sempre o mesmo e nada traria de novidades. Não errei. É fraco mesmo quanto a isso. Versão caricata de adoecimento, empenho, amor, ... Acho que o filme perdeu muito ao não explorar mais temas que cita, ensaia discutir, mas não o faz: os usos e o mercado de drogas lícitas, a ética médica, a forma de acessar ou lograr emplacar "a prescrição" de dados medicamentos. O filme retrata não uma suposta cientificidade por trás da análise clínica, mas sim favores, contatos, convencimento, proximidade e benefícios. Ao cabo, questionament

Olás, Um filme excelente para a 32ª publicação. Rico em elementos para discutirmos teoria sociológica, relação indivíduo x sociedade, indivíduo x estrutura, indivíduo x instituições como família e religião. Esse é o resumo, mas não para por aí. De novo, uma obra que não cai no "mesmismo", nem ridiculariza ou se apropria indevidamente de uma discussão densa. Roteiro bom, que cria ciladas para o expectador a partir dos preconceitos ou preconcepções que este último carrega e se vê decepcionado ao final por cair na armadilha. Ah, mas se não acontecer com vocês me avisem, pois eu escorreguei nessa. O instituto da filiação é abordado de modo muito particular. Em primeiro lugar, o rabino que é símbolo da moral, da família, da comunidade é o mesmo que pune e condena a única filha ao isolamento e rejeição, como não existente, a partir do momento em que a flagra com a melhor amiga. Enquanto acolhe a parceira da filha e a "encaminha"/"enquadra" arrumando-lhe um casam

Olás, Ainda apostando na discussão sobre os temas atinentes a uma sociologia da saúde e o tratamento que a sociedade confere aos mais diversos tipos de síndromes, transtornos e doenças (físicas ou psíquicas), seguimos com o 31º filme. A arte nos impulsiona a refletir, sentir, ter empatia, imaginar realidades que não nos parecem imediatas ou com as quais não nos confrontamos diuturnamente. É um exercício constante de imersão na vida e no cotidiano de ilustres estranhos que nos levam a descobrir possibilidades, sentimentos e a nos colocarmos no lugar do outro, como um espectador oculto, que acompanha uma vida alheia "passo a passo". Esse é um filme genial: "O farol das orcas". Não cai no drama barato, não estigmatiza, nem foge da situação problema a partir dos artifícios de sempre, que vemos nos filmes que usam temas profundos com "respostas fracas". Dialoga bem com a teoria de Boaventura de Sousa Santos neste sentido. Todas as instituições tradicionais estã

Olás, E o nosso 30º filme traz críticas nada consensuais: "alienação"; "romance água com açúcar"; "necessidade de reestabelecer vínculos sociais"; "traumas de guerra"... Mas como não estamos interessados em consensos mesmo, sigamos. O filme é interessante, traz a temática da sobrevivência em um sentido bastante amplo e utiliza-se do contexto pós-guerra para refletir a respeito de como nos mobilizamos ou criamos alternativas para possibilitar ou criar mecanismos que promovam a sobrevivência. A introdução à teoria sociológica dialoga com essa perspectiva? Em que sentido? Quais elementos podemos destacar a respeito da relação entre conceitos ou percepções sociológicas, de um lado, e o contexto que nos é apresentado com a história? Além disso, cabe uma reflexão sobre como construímos alternativas, socialmente orientadas, para lidarmos com os nossos sentimentos, frustrações, tristezas, medos e alegrias. Neste sentido, a obra de Durkheim é bastante bem

Olás, E continuando a maratona de filmes para pensá-los a partir do conteúdo de introdução à Sociologia, o 29º é um drama que envolve adoecimento e como as relações familiares, sociais e afetivas são condicionadas por essa condição. Ao mesmo tempo que aborda traços psicológicos característicos de cada personagem e como reagem ao contexto e às outras ações sociais, também explora estereótipos, papéis sociais, estigmas e preconceitos. SINOPSE: Em Meu Irmão, Minha Irmã, Tesla e seu irmão Nik tem que cumprir um acordo de sucessão singular que seu pai lhes deixou, morando sob o mesmo teto por um ano, mesmo os dois não terem se visto por pelo menos 20 anos. Se isso não bastasse, os filhos de Tesla também moram na casa: Sebastiano, um violoncelista muito habilidoso, com esquizofrenia altamente funcional e super protegido e objeto de obsessão da mãe e Carolina, uma filha com quem tem dificuldades de se relacionar. O ano juntos traz muitos conflitos e brigas entre os irmãos Tesla e Nik, mas ao

Olás, E seguindo a proposta relatada na postagem anterior, vamos agora para o nosso 28º filme e o escolhido foi o norte-americano "O lado bom da vida". Apesar de todo "estilão" norte-americano o filme é uma bela pedida para discutir as convenções sociais, como a doença é socialmente construída e nossa relação com ela passa por padrões socialmente estabelecidos. O caso que mais salta aos olhos é quando vemos a criminalização dos atos de um dos personagens, Pat, que sofre com transtornos agressivos e é internado para receber o tratamento considerado devido, mas seu pai, com transtornos de outra natureza, é tratado como um sujeito "normal" com "manias". Ainda sobre a agressividade, todos os personagens demonstram acessos e momentos de agressividade e não são considerados doentes em razão disso, inclusive, envolvendo o próprio psiquiatra. Além disso, a trama mostra o drama de uma mulher que sofre a perda do marido e uma "culpa" que é descar

Olás, Geralmente utilizo filmes como recurso didático de abstração para ensinar teoria sociológica e para exemplificar conceitos, noções, premissas. Mas isso vocês já perceberam.  Se eu não tiver perdido as contas, esse será o nosso 27º filme e farei algumas postagens extras sobre para poder dar condições a meus alunos e minhas alunas da turma de Sociologia, 3.2021, de realizarem a sua primeira atividade avaliativa no atual semestre. Esta consiste em escolher um dos filmes postados aqui no blog e contrapô-lo aos conceitos e teorias vistos em sala de aula. Implica dizer que preciso fazer pelos menos mais umas 23 publicações sobre filmes até o final de novembro. Conto com a paciência de vocês com relação a isso. Hoje falaremos sobre um filme bastante interessante: "Antônia uma sinfonia". O filme retrata o sonho de uma jovem, considerado impossível pela sociedade à época, de se tornar maestrina. Além das dificuldades socioeconômicas, a personagem principal também se defronta com

Em sala de aula, sempre utilizei filmes como recurso de abstração. Em meu livro Os clássicos no cotidiano , na 2ª edição, ampliei o número de filmes citados na versão anterior, por entender que eles são recursos muito interessantes para a compreensão e fixação do conteúdo. Com este intento, neste blog manterei a mesma conduta e buscarei indicar filmes como recursos de abstração na tentativa de compreender a teoria sociológica. Como cito 10 filmes por autor no meu livro Os clássicos no cotidiano  (2ª edição), ao todo, são 50 indicações. Não obstante, trarei, ainda aqui, mais algumas sugestões importantes para desenvolvermos o conteúdo a partir desta perspectiva. O primeiro filme escolhido foi NISE - O CORAÇÃO DA LOUCURA . Este filme pode ser usado na disciplina de Sociologia e Sociologia do Direito. Trata-se não só de falar sobre processos de naturalização/desnaturalização, familiaridade/estranhamento, mas também de organizações sociais, cultura, instituições sociais, entre o