Questões de Concurso: COSEAC 2022 Sociólogo UFF

 


Olás,


seguimos agora com nossa 76ª prova de concurso.



21 Na obra As Regras do Método Sociológico Emile Durkheim busca afirmar o que deve ser, segundo ele, o campo de estudos e o objeto da sociologia, a saber: 

(A) o suicídio. 

(B) as patologias. 

(C) o fato social. 

(D) o direito. 

(E) as regras sociais.


22 Para Thomas Hobbes, a busca pela satisfação das próprias vontades produz o Estado de Natureza, insustentável em uma sociedade. Como forma de manter a coesão social é estabelecido um “pacto social”, que promove a 

(A) “pacificação” dos conflitos sociais a partir de um processo civilizador, que implica na produção subjetiva de autocontrole e na introjeção de comportamentos considerados mais racionais. 

(B) limitação das vontades por uma autoridade soberana, que ao ordenar a vida social garante a paz entre os indivíduos que dela fazem parte em troca da perda da liberdade individual. 

(C) transição do feudalismo para o modo de produção capitalista, que ocorre pela transformação das relações de produção e impacta de forma revolucionária nas forças produtivas. 

(D) unificação dos diferentes grupos em estado-nação, que se organiza a partir de identidades étnicas e culturais e exclui de seus limites os sujeitos que não compartilham da mesma nacionalidade. 

(E) irrupção de comportamentos violentos e legitima a intervenção violenta do estado através dos meios repressivos, produzindo um governo totalitário e a perda da autonomia.


23 “Esta comparação pode começar pelo sentido do trânsito na Inglaterra, que segue a mão esquerda; pelos hábitos culinários franceses, onde rãs e escargots (capazes de causar repulsa a muitos povos) são considerados como iguarias, até outros usos e costumes que chamam mais a atenção para as diferenças (...)”. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Editora Zahar [Companhia das Letras], 1986, p. 14.

Neste fragmento Laraia busca exemplificar que as diferenças de comportamento entre indivíduos devem ser explicadas através das diversidades 

(A) culturais. 

(B) biológicas. 

(C) ambientais. 

(D) hereditárias. 

(E) geográficas. 


24 Weber e Durkheim são considerados fundadores da Sociologia, e apresentam perspectivas diferentes sobre qual deve ser método de análise. A partir da comparação entre os conceitos de fato social e tipo-ideal, é possível apontar que uma diferença metodológica entre os dois seria que 

(A) para Durkheim o modelo das ciências humanas é diferente do modelo das ciências naturais, enquanto Weber defende que os mesmos parâmetros sejam aplicados a ambas as ciências. 

(B) para Durkheim o pesquisador deve se colocar no lugar do indivíduo pesquisado e traduzir suas motivações, enquanto Weber argumenta que a pesquisa deve se ater à descrição das interações. 

(C) para Durkheim a sociologia é experimental, enquanto para Weber a sociologia é a descrição das relações sociais como se fossem coisas, sem considerações subjetivas. 

(D) para Durkheim a pesquisa deve ser objetiva, com separação entre sujeito e objeto, enquanto para Weber a definição do objeto é permeada pelos juízos de valor do pesquisador. 

(E) para Durkheim o campo de estudos da sociologia dialoga com campos próximos, como a psicologia e a economia, enquanto para Weber o objeto sociológico é específico e comparável. 


25 Na Ciência Política um dos campos de estudo é o chamado Pensamento Político Brasileiro, cujo nome expressa a 

(A) relação com a filosofia, ciência mais antiga e que deu origem à ciência política, e por isso tantos filósofos são também cientistas políticos. 

(B) valorização da identidade nacional acima de filiações a escolas teóricas estrangeiras, ainda que o diálogo entre pesquisadores nacionais e estrangeiros sempre tenha existido. 

(C) valorização da identidade nacional acima de filiações a escolas teóricas estrangeiras, com a rejeição à “importação” de ideias consideradas estranhas à nossa realidade. 

(D) proximidade com o campo do Pensamento Social Brasileiro, que reúne intelectuais e pesquisadores interessados na investigação das mentalidades dos brasileiros. 

(E) herança do período anterior ao da especialização universitária, quando juristas, filósofos, sociólogos e economistas também escreviam sobre o tema.


26 No quadro abaixo, chamado “A Redenção de Cam” e pintado em 1895, o pintor espanhol radicado no Brasil, Modesto Brocos, retrata uma família brasileira em que a avó possui a pele escura, sua filha possui um tom de pele mais claro e seu neto é branco, filho de um homem também branco. Na tela todos parecem estar felizes, e a avó traz suas mãos elevadas ao céu.

A imagem serviu de capa para um artigo apresentado por João Batista de Lacerda (1846- 1915) no Congresso Universal das Raças, realizado em Londres em 1911, e é considerado uma defesa do branqueamento da população negra brasileira, o que teria por consequência a 

(A) promoção da tese da redução do conflito entre os diferentes grupos raciais através da educação das novas gerações para uma cultura de paz. 

(B) transformação do Brasil em um país de “racismo por segregação”, onde as famílias são dissolvidas quando seus membros pertencem a grupos raciais diferentes. 

(C) ruptura com a proposta de miscigenação que caracteriza o “mito da democracia racial”, já que o fenótipo do bebê é branco, e não mestiço. 

(D) manutenção do chamado “racismo à brasileira”, que postula que as pessoas negras celebrariam o embranquecimento, seu e de seus descendentes. 

(E) politização da arte, especialmente da arte plástica, pois o quadro foi usado para defender uma tese racista, o que não era a intenção de seu autor.


27 Em relação ao individualismo, podemos afirmar que Karl Marx e Emile Durkheim 

(A) concordavam sobre o individualismo liberal e o metodológico, que ambos rejeitavam. 

(B) concordavam sobre o individualismo liberal e o metodológico, que ambos defendiam. 

(C) discordavam sobre o individualismo liberal e concordavam sobre o individualismo metodológico. 

(D) discordavam sobre o individualismo metodológico e concordavam sobre individualismo liberal. 

(E) concordavam apenas sobre o individualismo metodológico, que ambos rejeitavam. 


28 O termo “revolução passiva”, cunhado por Antônio Gramsci, descreve processos políticos onde o grupo social que ascende ao poder o faz sem rompimento ou revoluções, mas através de adaptações e mudanças graduais. Alvaro Bianchi defende em artigo de 2017 a caracterização dos dois primeiros governos de Luís Inácio Lula da Silva como uma “revolução passiva”, porque 

(A) a chegada ao poder se deu pelo voto e não por um processo revolucionário, o sujeito da transformação foi a classe trabalhadora, mas a participação política do conjunto da classe não foi realizada de forma plena em função da governabilidade.

(B) a chegada ao poder se deu pelo voto e não por um processo de guerra civil, o sujeito da transformação foi um partido político, e a participação política ocorreu apenas entre os membros da classe política, sem a incorporação de novos atores. (C) a chegada ao poder se deu pelo voto e não por um processo de guerra civil, o sujeito da transformação foi o estado, e a participação política foi ampliada com a incorporação de novos atores, entre eles quadros da burocracia sindical. (D) o país rompeu com sua situação de economia dependente e financeirizada dentro do sistema capitalista mundial, o sujeito da transformação foi a classe trabalhadora e a participação política do conjunto das classes subalternas se deu de forma ativa. (E) o país não rompeu com sua situação de economia dependente e financeirizada, o sujeito da transformação não foi a classe trabalhadora, e a participação política do conjunto das classes subalternas se deu de forma passiva.


29 Para Weber, a ação social é aquela que é orientada ao outro, ou seja, ela acontece quando o indivíduo dá sentido ao que faz e espera que esse sentido seja compreendido pelo outro. Assim, o papel do sociólogo é interpretar o sentido atribuído à ação pelo indivíduo. Por isso sua abordagem pode ser nomeada como sociologia 

(A) determinista. 

(B) agencial. 

(C) positivista. 

(D) compreensiva. 

(E) pós-moderna. 


30 Diversas pesquisas apontam a existência de diferenças entre escolas públicas localizadas em bairros mais centrais e onde moram classes médias e altas em contraste com escolas localizadas em bairros periféricos de local de moradia da classe trabalhadora – em termos de recursos, investimentos, condições de funcionamento etc. Assim, os filhos da classe trabalhadora possuem menos oportunidades de acesso a um ensino de qualidade e, consequentemente, melhores vagas no mercado de trabalho. A sociologia urbana classifica esse fenômeno como 

(A) efeito de lugar. 

(B) desigualdade programada. 

(C) viés-geográfico. 

(D) desemprego estrutural. 

(E) meritocracia. 


31 Na obra “A casa e a rua: Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil”, Roberto DaMatta argumenta que casa e rua não são, na sociedade brasileira, apenas espaços geográficos diferentes, mas entidades morais, domínios culturais institucionalizados diversos. Neste sentido, o brasileiro se comporta de forma diferente nesses espaços, o que explicaria nossa relação com valores como cidadania, igualdade e direitos. Isso acontece porque 

(A) a casa representa o desejo da propriedade privada, valor estruturante da sociedade capitalista, enquanto a rua é coletiva e universal, sem dono. 

(B) a rua é o espaço da competição pela sobrevivência, onde todos estão em guerra contra todos, enquanto na casa o que impera é a colaboração entre os indivíduos. 

(C) a rua representa a violência urbana nessa analogia, em oposição ao espaço da casa, marcado pela segurança e pela proteção a todos os membros da família. 

(D) a casa é o domínio da incerteza e da insegurança, porque não é regida por leis e normas, enquanto na rua podemos exigir nossos direitos. 

(E) a casa é o ambiente familiar, onde somos pessoas, enquanto a rua é o espaço da impessoalidade, onde deveríamos ser todos iguais.

 

32 Tanto Thomas Hobbes quanto Max Weber preocupam-se, em seus escritos, com a natureza da ordem social e a manutenção da coesão social. Apesar de suas diferenças, ambos concordam que, para que isso aconteça, foi preciso que cessasse a violência entre os membros do corpo social. A forma de organização social responsável por tal “pacificação” foi, segundo Hobbes e Weber, respectivamente, 

(A) o pacto social, que cessou a guerra de todos contra todos, e a legitimação do estado enquanto único detentor legítimo do monopólio da violência. 

(B) a legitimação do estado enquanto único detentor legítimo do monopólio da violência e o pacto social, que cessou a guerra de todos contra todos. 

(C) o pacto social, que promoveu a guerra de todos contra todos, e a racionalização do estado através da transição para a dominação legal.

(D) a formação dos estados-nacionais, resultado das guerras entre diferentes tribos, e a racionalização do estado através da transição para a dominação legal. 

(E) a introjeção do autocontrole resultado do processo civilizador e a racionalização do estado através da transição para a dominação legal. 


33 Denúncias recentes apontam que a desnutrição e o adoecimento entre comunidades yanomami estaria relacionada à inação do governo federal frente à crise humanitária, e revelam um aspecto da história brasileira que pode ser nomeado como 

(A) aculturação. 

(B) migração. 

(C) etnocídio. 

(D) modernização. 

(E) socialização.

 

34 Preocupado com o poder, Max Weber conceitua Estado como a única instituição social autorizada a exercer de forma legítima a violência. Para essa formulação aciona as categorias de legitimidade e obediência. Assim, para o autor, o Estado encontra legitimidade em suas ações quando seus cidadãos 

(A) são convencidos pela constatação da melhora de vida, em termos objetivos (como o aumento do salário-mínimo) e subjetivos (como o reconhecimento de líderes internacionais). 

(B) são forçados a obedecer, em função da violência estatal exercida por meio dos aparelhos repressivos do estado que retaliam aqueles que escolhem desobedecer. 

(C) subordinam-se por reconhecerem sua autoridade, que pode ter por base tanto a tradição compartilhada, o carisma do líder, quanto a competência do corpo administrativo. 

(D) submetem-se por não terem consciência da opressão, pois são manipulados pelos meios de comunicação e outros aparelhos privados de hegemonia. 

(E) mobilizam-se para apresentar suas reivindicações no espaço público, e através de representantes na política institucional têm suas demandas atendidas.


35 No capítulo 24 do Livro 1 de O Capital, Karl Marx descreve o que nomeou como “A Assim Chamada Acumulação Primitiva”. Segundo o autor, tal processo foi composto por uma diversidade de fenômenos históricos, como a escravidão e o tráfico de escravizados, a exploração das colônias ultramarinas através de saques, os monopólios mercantis, a desapropriação de terras da Igreja Católica e o cercamento de terras. Este último, especificamente, separou o produtor direto dos seus meios de produção. Ao descrever esse último processo, Marx descreve as condições de surgimento 

(A) da aristocracia e da classe média. 

(B) do proletariado. 

(C) dos escravizados. 

(D) dos precarizados. 

(E) do exército industrial de reserva. 


36 Lélia Gonzales diferencia o racismo experimentado nos Estados Unidos da América, de colonização anglo-saxã, do experimentado na América Latina, de colonização ibérica. Para ela o primeiro seria um racismo por segregação, enquanto segundo se daria por denegação. Como consequência, enquanto lá a identidade negra foi reforçada, por aqui o mito da democracia racial imperou durante séculos, podendo ainda ser visto em diversas situações contemporâneas. Esta diferença ocorre, nos termos da autora, porque 

(A) a sociedade latina é tão hierarquizada e permeada pelo racismo que os privilégios dos brancos estão garantidos sem a necessidade de formas abertas de segregação. 

(B) a nação brasileira foi construída a partir de uma legislação herdada da coroa portuguesa que não reconhecia a existência de outros povos aqui a não ser os descendentes de portugueses. 

(C) o fato de a América Latina ter sido colonizada por portugueses e espanhóis não promoveu a mesma identidade nacional observada nos Estados Unidos da América. 

(D) o tipo de colonização realizado aqui, de exploração dos recursos naturais através de trabalhadores escravizados, não desenvolveu uma consciência de classe entre os nativos. 

(E) a pobreza que caracteriza nosso continente acabou por abafar o problema do racismo, porque outras questões se sobressaíram, como o analfabetismo e a desnutrição.  


37 “A marca da Europa moderna foi, sem dúvida, a instabilidade expressa na forma de crises nos diversos âmbitos da vida material, cultural e moral. Foi no cerne dessas dramáticas turbulências que nasceu a Sociologia enquanto um modo de interpretação chamado a explicar o “caos” até certo ponto assustador em que a sociedade parecia haver-se tornado”. (QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um toque de clássicos. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2002, p. 9). Sobre as crises mencionadas acima, as autoras fazem referência à(ao) 

(A) melhoria nas condições de vida resultante da urbanização. 

(B) contato estabelecido com outras sociedades em função da colonização. 

(C) surgimento de novas expressões religiosas decorrentes da Teologia da Prosperidade. 

(D) patologização de orientações e identidades sexuais e de gênero consideradas desviantes. 

(E) avanço do capitalismo como modo de produção dominante. 


38 Em sua teoria da mais-valia Karl Marx produz uma radical crítica imanente da teoria econômica clássica a partir do diálogo com os autores 

(A) Adam Smith e John Locke. 

(B) David Ricardo e William Stanley Jevons. 

(C) Ludwig von Mises e William Stanley Jevons. 

(D) Adam Smith e David Ricardo. 

(E) John Locke e Ludwig von Mises. 


39 Pesquisadores de sociologia urbana no Brasil se debruçaram, a partir dos anos 1960, sobre o problema da migração da população rural para as grandes cidades, formando as periferias e favelas que hoje conhecemos. Contrapondo-se às teorias que explicavam o fenômeno a partir de aspectos culturais – como a teoria da “cultura da pobreza” de Oscar Lewis – esses pesquisadores buscaram comprovar que 

(A) pobreza e a exclusão social são resultado da falta de valores modernos entre os moradores de favela. 

(B) políticas de desenvolvimento social são capazes de “modernizar” tais territórios, tornando-os prósperos. 

(C) favelas e periferias são reminiscências do rural na cidade e, portanto, seus habitantes não compartilham dos mesmos valores de quem já nasceu no espaço urbano. 

(D) pobreza e a exclusão social são resultado da falta de políticas públicas que regulem a ocupação dos espaços e cobre as taxas devidas. 

(E) moradores de favelas e periferias compartilham dos “valores urbanos”, como individualidade, progresso econômico e liberdade. 


40 “Antes de morar em outra cidade, o pesquisador Alessandro Barnabé Ferreira Santos, 28, mantinha a tradição de sentar-se com a família em São Luís, no Maranhão, e dividir as horas do café, do almoço e do jantar. Mas a vida caminha para a frente, e há hábitos que ficam para trás. Hoje, em São Paulo, concluindo o doutorado em literatura na USP, ele diz que costuma comer as refeições sozinho e tampouco tem a rotina de cozinhar. Para se alimentar, opta por uma facilidade da vida moderna: aplicativos de entrega. ‘Uso e abuso de aplicativos de entrega devido ao meu dia a dia. O tempo que gastaria para preparar minha comida posso usar para outras coisas. Tempo de espera é um tempo de produção perdido’, afirma ele, um dentre milhões de usuários de ferramentas que se tornam populares em um contexto de refeições solitárias e escolhas não exatamente saudáveis”. (ZOCCHIO Guilherme. O sucesso dos apps de entrega, entre a solidão e a comida-porcaria. O Joio e o Trigo. 03 de dez. de 2019. Disponível em: < https://ojoioeotrigo.com.br/2019/12/o-sucesso-dos-apps-de-entrega-entre-a-solidao-e-a-comida-porcaria/>. Acesso em 25 de jan. de 2023). O sucesso dos aplicativos de entrega de comida, retratados na matéria, expressam a conjunção de dois fenômenos da modernidade, que são: 

(A) a perda de laços familiares e o aumento do tempo para preparação de alimentos. 

(B) o crescimento das taxas de obesidade e a intensificação da jornada de trabalho. 

(C) a migração para as cidades e o aumento na escolaridade da população. 

(D) a fragilidade das relações sociais e a intensificação da jornada de trabalho. 

(E) o crescimento da urbanização e a diminuição no consumo de alimentos. 


41 Observa-se uma correlação, na teoria weberiana, entre os tipos de ação social e os tipos puros de dominação legítima. Assim, à ação racional orientada para fins associa-se o tipo de dominação: 

(A) Tradicional 

(B) Carismática 

(C) Democrática 

(D) Burguesa 

(E) Legal 


42 “Vai ter indígena com iPhone, sim. Estamos conectados, mas mais do que isso: ampliando vozes e conquistando espaços até então nunca alcançados”. (GUAJAJARA, Lídia. Vai ter indígena de Iphone, sim. Portal Terra. Opinião. Brasília, 12 de mai. de 2022. Disponível em: . Acesso em: 25 de jan. de 2023). Com esta afirmação a comunicadora digital indígena Lídia Guajajara buscou responder a quem questiona a identidade indígena a partir da posse de bens de consumo como celulares, pois esta seria uma visão romantizada sobre o indígena. A partir das questões levantadas por essa fala podemos afirmar que a cultura é 

(A) um produto de um processo sócio-histórico que precisa ser preservado para que não perca sua autenticidade. 

(B) um conjunto de características compartilhadas entre indivíduos do mesmo grupo e que é reforçada pela tecnologia. 

(C) uma plataforma para a divulgação de ideias e posicionamentos de diferentes indivíduos, buscando generalizar opiniões. 

(D) um sistema que ordena o mundo social a partir de uma lógica própria, mas que está sempre em mudança. 

(E) uma rede de trocas culturais permanentes onde comportamentos são copiados, ainda que seus efeitos sejam indesejados. 


43 Os debates sobre a relação entre o campo e a cidade no contexto do capitalismo moderno têm se preocupado sobre as diferenças e proximidades entre esses dois espaços geográficos. As explicações mais disseminadas no campo dos estudos rurais compreendem a articulação entre rural e urbano a partir de uma relação de 

(A) exclusão, que determina o rural como o que não é urbano e vice-versa. 

(B) continuum espacial entre rural e urbano, em constante transformação. 

(C) dependência, onde o urbano depende do rural para sobreviver. 

(D) organização política e administrativa, definida pelo Estado. 

(E) absorção do rural pelo urbano, em função da modernização da sociedade.


44 Observe a imagem. 


No gráfico acima o sociólogo Carlos Antonio da Costa Ribeiro apresenta os resultados de sua pesquisa sobre Classe, Raça e Mobilidade Social no Brasil. A partir da análise do gráfico observe as afirmações a seguir: 

I Ainda que com os mesmos anos de escolaridade, homens brancos têm maiores chances de tornarem-se profissionais ou administradores que homens negros. 

II Considerando a diferença de chances para homens brancos e negros tornarem-se profissionais ou administradores ao final da trajetória escolar indica que o racismo estrutural possui grande peso na explicação do fenômeno. 

III A comprovação de que homens negros e brancos podem alcançar o mesmo número de anos de escolaridade demonstra que o problema do racismo no Brasil não está relacionado a questões estruturais, e sim ao preconceito racial. 

Sobre as afirmativas acima, apenas 

(A) I está correta. 

(B) I e II estão corretas. 

(C) II está correta. 

(D) II e III estão corretas. 

(E) III está correta.


45 “[...] depois de ter estabelecido pela observação que o fato é geral, irá até às condições que no passado determinaram esta generalidade e indagará em seguida se estas condições ainda existem no presente ou se, pelo contrário, se modificaram. No primeiro caso, terá o direito de considerar o fenômeno como normal e, no segundo, de recusar-lhe este caráter”. (DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Petrópolis: Editora Vozes, 2019, p. 79). 

A partir da definição apresentada pelo autor, pode-se afirmar que a manutenção nos mesmos patamares das taxas de adoecimento psíquico em uma sociedade durante um longo período de tempo é um fato social 

(A) normal. 

(B) patológico. 

(C) complexo. 

(D) diferente. 

(E) moral. 


46 “A modernização econômica associada à extinção do estatuto colonial e à implantação de um Estado nacional independente não tinha por fim adaptar o meio econômico brasileiro a todos os requisitos estruturais e funcionais de uma economia capitalista integrada, como as que existiam na Europa. Os seus estímulos inovadores eram consideráveis, mas unilaterais. Dirigiam-se no sentido de estabelecer uma coordenação relativamente eficiente entre o funcionamento e o crescimento da economia brasileira e os tipos de interesses econômicos que prevaleciam nas relações das economias centrais com o Brasil”. (FERNANDES, Florestan. A Revolução Burguesa no Brasil. São Paulo: Editora Contracorrente, [1974] 2020, p. 94.) Segundo Florestan Fernandes, a Revolução Burguesa no Brasil não se realizou completamente, como nos países europeus, porque não se modificou nosso status político de país 

(A) autoritário. 

(B) dependente. 

(C) republicano. 

(D) metropolitano. 

(E) autônomo. 


47 Para Karl Marx a força de trabalho é a mais importante das forças produtivas, pois só o trabalho gera valor. Assim, segundo o autor, uma medida concreta para diminuir a exploração do trabalhador no capitalismo seria 

(A) a melhoria das condições de trabalho através do avanço tecnológico.  

(B) a adoção do trabalho remoto em todos os níveis da produção. 

(C) a redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário. 

(D) o aumento da produtividade através da automação do trabalho. 

(E) o incremento da escolaridade e a abertura de postos de trabalho mais qualificados. 


48 Lélia Gonzales afirmava que no Brasil não falamos português, mas “pretuguês”, que seria a língua portuguesa, dos colonizadores, transformada por expressões e adaptações que marcariam a cultura brasileira. Considerar tais expressões e adaptações como erros gramaticais seria, nos termos da autora, uma das formas pelas quais o mito da democracia racial no país procura 

(A) reforçar a importância de utilizar os códigos adequados na comunicação escrita. 

(B) demonstrar que o Brasil foi construído pela colaboração entre as diferentes raças. 

(C) separar o que seria autêntico da cultura brasileira do que seria estrangeirismo. 

(D) apagar a influência dos africanos escravizados na formação cultural brasileira. 

(E) manter os falantes de outras línguas excluídos da nacionalidade brasileira. 


49 “Com o app da Uber, você pode definir seu próprio horário. Tudo depende do que você deseja: se quer um emprego tradicional de motorista em tempo integral ou meio período, ou se prefere a flexibilidade para trabalhar quando quiser”. (UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA. Dirija quando quiser e ganhe de acordo com suas necessidades, 2023. Disponível em: < https://www.uber.com/br/pt-br/>. Acesso em: 25 jan. 2023). No caso da empresa na propaganda citada acima a figura do patrão foi substituída por um aplicativo, e a figura do empregado pela do “parceiro”, que tem flexibilidade e pode trabalhar “quando quiser”. Como consequência desses novos vínculos flexíveis de trabalho podemos destacar 

(A) a diminuição da consciência de classe e a maior dificuldade para reivindicar melhores condições de trabalho. 

(B) o crescimento da consciência de classe e a maior facilidade para reivindicar melhores condições de trabalho. 

(C) a melhora na qualidade de vida dos trabalhadores e o aumento da motivação produzida pela flexibilidade no trabalho. 

(D) o aumento da renda dos trabalhadores e a facilidade para reivindicar melhores condições de trabalho. 

(E) a diminuição da renda dos trabalhadores e consequentemente da motivação produzida pela flexibilidade no trabalho. 


50 “Quando Qu Tongzhou, uma assistente de fotografia em Xangai, partiu para uma tão aguardada viagem ao oeste da China em junho, ela achou as cidades que visitou pouco acolhedoras. Como efeito colateral das políticas de "zero-covid" do país, os moradores desconfiavam dos viajantes e alguns hotéis recusaram Qu, temendo que ela pudesse trazer o vírus. Então Qu recorreu ao Tantan e ao Jimu, dois aplicativos populares de namoro chineses parecidos com o Tinder. Ela estava ciente dos riscos envolvidos em conhecer estranhos, mas os aplicativos renderam uma fonte de novos amigos, incluindo um empresário de biotecnologia na cidade de Lanzhou, um médico tibetano na cidade de Xining e um funcionário público em Karamay, uma cidade do noroeste de Xinjiang. A cada parada, seus "matches" lhe davam hospedagem e a levavam a bares e outros locais da região”. (WANG, Zixu e CHE, Chang. Aplicativos de namoro prosperam na China, mas não apenas para romances. Portal Terra. Brasília, 25 out2022. Disponível em: < https://www.terra.com.br/noticias/aplicativos-de-namoro-prosperam-na-china-mas-nao-apenas-para-romances,629c2fcb3b2fe9b0836ec6766660022csje1nhic.html>. Acesso em 25 jan. 2023). O fragmento de notícia acima, sobre a expansão dos aplicativos de namoro na China, são exemplares do que Zygmunt Bauman definiu, em seu livro Modernidade Líquida, como: 

(A) Relacionamentos 

(B) Instituições 

(C) Conexões 

(D) Laço social 

(E) Consumismo 


51 No modo de produção capitalista, segundo Karl Marx, as relações entre a burguesia e o proletariado é marcada pelo(pela) 

(A) benefício. 

(B) antagonismo. 

(C) concorrência. 

(D) controle. 

(E) benefício. 


52 “Portanto, parece-nos razoável considerar ação afirmativa todo programa, público ou privado, que tem por objetivo conferir recursos ou direitos especiais para membros de um grupo social desfavorecido, com vistas a um bem coletivo. Etnia, raça, classe, ocupação, gênero, religião e castas são as categorias mais comuns em tais políticas. Os recursos e oportunidades distribuídos pela ação afirmativa incluem participação política, acesso à educação, admissão em instituições de ensino superior, serviços de saúde, emprego, oportunidades de negócios, bens materiais, redes de proteção social e reconhecimento cultural e histórico”. (FERES JUNIOR, João et al. Ação afirmativa: conceito, história e debates. EdUERJ, 2018.p. 13). A partir da conceituação apresentada acima podemos afirmar que são políticas de ação afirmativa em execução no Brasil: 

(A) O sistema de cotas para estudantes indígenas e afrodescendentes nas Universidades. 

(B) O aumento do número de vagas em universidades públicas, com políticas de permanência. 

(C) A concessão de bolsas de estudos em universidades privadas através de crédito estudantil. 

(D) A execução da Lei no 10.639, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas redes de ensino. 

(E) A realização do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes com critérios diferenciados para minorias. 


53 “Sobretudo depois dos anos 1960, quando ladrões e criminosos passaram a ser vistos como uma grande ameaça aos moradores das metrópoles, ideias semelhantes de uma justiça retaliativa vinham seduzindo muita gente nas cidades brasileiras. De acordo com essa perspectiva, para anular a violência do crime bastaria ser ainda mais forte e violento que o criminoso”. (MANSO, Bruno Paes. A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro. São Paulo, Ed. Todavia, 2020, p. 10-11) No fragmento acima o autor faz menção ao surgimento, naquele momento, de 

(A) legislações mais rigorosas contra o crime. 

(B) jornalistas especializados em criminalidade. 

(C) operadores da Justiça com maior autonomia. 

(D) grupos de traficantes de drogas ilícitas. 

(E) grupos de extermínio formados por policiais. 


54 “Pesquisa do portal de vagas Empregos.com.br mostra que 81% dos profissionais entrevistados são a favor de trabalhar quatro dias por semana, no chamado esquema 4 x 3, enquanto 13% ainda têm dúvidas sobre o sistema - e somente 6% acham que a modalidade não funciona no país. Já as empresas parecem resistir à nova tendência. Apenas 4,9% das companhias que participaram da pesquisa são a favor da jornada reduzida. Outros 25% se opõem e 71,1% não têm um posicionamento definido sobre o tema”. (CAVALLINI, Marta. 81% dos profissionais são a favor da jornada de 4 dias, mas apenas 4,9% das empresas apoiam, diz pesquisa. G1. Brasília, 10 de nov. de 2022. Disponível em: . Acesso em: 25 de jan. de 2023). A partir da Teoria do Valor de Karl Marx podemos concluir que as empresas não são favoráveis à redução da jornada de trabalho porque essa diminui 

(A) o valor-de-uso das mercadorias produzidas. 

(B) a mais-valia obtida pelas horas trabalhadas. 

(C) a produtividade do trabalhador. 

(D) a qualidade do trabalho realizado. 

(E) a sociabilidade dentro das empresas.


55 Com o conceito de fato social Émile Durkheim busca descrever: 

(A) forma de sentir e interpretar a vida social que deriva de um sistema psicológico compartilhado. 

(B) modo de agir e sentir individual, mas que somados a outros constituem um universo de valores coletivos. 

(C) forma de agir e pensar que possui uma existência própria e que exerce sobre o individuo uma coerção exterior. 

(D) forma de pensar e sentir herdada da família de cada indivíduo e que determina sua maneira de agir no mundo. 

(E) modo de pensar e agir que tem por referência os valores e opiniões de cada indivíduo e que determina suas escolhas.


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