Questões de Concurso - FCC - SEDUC ES - Professor de Sociologia - 2022

Olás, 


Vamos para a nossa prova 66, na "tampa da beirada" para encerrar o semestre.

41. Sobre a trajetória do ensino de sociologia no Ensino Médio no Brasil, 

(A) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação tornou obrigatório o ensino de sociologia nas três séries do Ensino Médio. 

(B) ao contrário das demais disciplinas, a sociologia obteve um consenso em relação aos conteúdos curriculares que a deixou em vantagem quanto à sua legitimação social. 

(C) a conquista de um espaço institucional da disciplina no Ensino Superior ao longo do tempo não foi acompanhada da construção de uma legitimidade equivalente e definitiva no Ensino Médio. 

(D) o currículo tem sido elaborado de modo que estabeleça uma separação rigorosa das demais disciplinas e edifique barreiras claras entre elas. 

(E) por se tratar de uma disciplina antiga no país, a existência de uma comunidade pujante de professores permitiu a adoção rápida e homogênea de seus conteúdos, metodologias e recursos didáticos por todo o país.


42. Somente aos poucos, a sociologia foi sendo aceita como uma disciplina científica específica na Europa do século XIX. Para estabelecer suas credenciais como ciência, um variado corpo conceitual e metodológico emergiu de autores ligados às diferentes tradições filosóficas e teóricas em seus países. Considere abaixo alguns desses autores e os conceitos e categorias que desenvolveram. Autores Conceitos e Categorias 

I. Max Weber (1864-1920) 

a. Solidariedade mecânica, solidariedade orgânica, anomia. 

II. Auguste Comte (1798-1857) 

b. Comunidade e sociedade. 

III. Ferdinand Tönnies (1855-1936) 

c. Classes sociais, relações de produção, forças produtivas. 

IV. Émile Durkheim (1858-1917) 

d. Formas sociais, atitude blasé, sociação. 

V. Karl Marx (1818-1883) 

e. Progresso, estágios teológico, metafísico e positivo. 

VI. Georg Simmel (1858-1918) 

f. Racionalização, burocratização, afinidades eletivas. 


A correta correlação entre autores, conceitos e categorias é: 

(A) I-b − II-a − III-f − IV-c − V-d − VI-e. 

(B) I-f − II-e − III-b − IV-a − V-c − VI-d. 

(C) I-d − II-a − III-e − IV-b − V-f − VI-c. 

(D) I-c − II-f − III-b − IV-e − V-d − VI-a. 

(E) I-e − II-d − III-f − IV-a − V-c − VI-b. 


43. Nas últimas décadas, as dicotomias e os dissensos da sociologia em torno de noções como “ação” e “estrutura”, “indivíduo” e “sociedade”, “objetividade” e “subjetividade” passaram por uma profunda crítica e reformulação nas obras de Pierre Bourdieu (1930-2002), Anthony Giddens e Jürgen Habermas. A característica comum dessas revisões é 

(A) o retorno ao funcionalismo. 

(B) o predomínio da microssociologia. 

(C) a tentativa de síntese teórica. 

(D) a defesa do darwinismo social. 

(E) a ênfase no determinismo econômico.


44. As variáveis em uma pesquisa social são as características a serem observadas ou medidas em cada elemento da população considerada. Contém uma variável quantitativa e uma variável qualitativa, respectivamente: 

(A) altura e nacionalidade. 

(B) local de nascimento e idade. 

(C) sexo e peso. 

(D) local de nascimento e religião. 

(E) estado civil e renda mensal. 


45. Nas últimas décadas, particularmente depois de meados dos anos 70, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio movimento operário. O entendimento dos elementos constitutivos dessa crise é de grande complexidade, uma vez que nesse mesmo período, ocorreram mutações intensas, de diferentes ordens e que, no seu conjunto, acabaram por acarretar consequências muito fortes no interior do mundo do trabalho e, em particular, no âmbito do movimento operário e sindical. (Adaptado de: Antunes, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 185, grifo no original) Considere as seguintes proposições a respeito dessas mudanças no mundo do trabalho: 

I. Há uma crise estrutural do capital que resultou em um profundo processo de reestruturação da produção, impactando, sobremaneira, a classe trabalhadora pela perda de direitos, precarização dos empregos e reduções salariais. 

II. Ocorre um aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho com salários em média iguais aos dos homens. 

III. A agenda neoliberal passou a orientar a ação dos governos, o que resultou em políticas de redução do tamanho do Estado, desregulamentação, privatizações, austeridade fiscal, financeirização da economia, desarticulação das organizações sindicais e restrição dos direitos sociais dos trabalhadores. 

IV. Na fase da reestruturação produtiva há um aumento do trabalho improdutivo no interior das fábricas, com a expansão das atividades de supervisão, vigilância e inspeção. 

V. A ampla criação de empregos e o surgimento de novos tipos de trabalho no setor de tecnologia impediram a consolidação do desemprego estrutural. Está correto o que se afirma APENAS em 

(A) I, II e V.                          (B) I e III.                      (C) II, IV e V. 

(D) III e IV.                           (E) I, III e IV. 


46. Na pesquisa social, a coleta de dados consiste em fornecer informações necessárias para a obtenção das respostas às indagações do pesquisador. A confiabilidade dos resultados, todavia, depende da definição objetiva e criteriosa dos procedimentos da pesquisa, assim como da análise coerente dos dados recolhidos. A sequência lógica correta das etapas da pesquisa social é: 

(A) formulação dos objetivos e hipóteses → coleta dos dados → análise dos dados → discussão dos resultados e conclusão → definição do problema de pesquisa. 

(B) definição do problema de pesquisa → coleta dos dados → formulação dos objetivos e hipóteses → análise dos dados → discussão dos resultados e conclusão. 

(C) coleta dos dados → formulação dos objetivos e hipóteses → definição do problema de pesquisa → discussão dos resultados e conclusão → análise dos dados. 

(D) formulação dos objetivos e hipóteses → definição do problema de pesquisa → coleta dos dados → análise dos dados → discussão dos resultados e conclusão. 

(E) definição do problema de pesquisa → formulação dos objetivos e hipóteses → coleta dos dados → análise dos dados → discussão dos resultados e conclusão. 


47. A noção de cultura, compreendida em seu sentido vasto, que remete aos modos de vida e de pensamento, é hoje bastante aceita, apesar da existência de certas ambiguidades. Esta aceitação nem sempre existiu. Desde seu aparecimento no século XVIII, a ideia moderna de cultura suscitou constantemente debates acirrados. Qualquer que seja o sentido preciso que possa ter sido dado à palavra – e não faltaram definições de cultura – sempre subsistiram desacordos sobre sua aplicação a esta ou àquela realidade. O uso da noção de cultura leva diretamente à ordem simbólica, ao que se refere ao sentido, isto é, ao ponto sobre o qual é mais difícil de entrar em acordo. (Adaptado de: CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC, 1999, p. 11-12) A moderna noção de cultura à qual se refere o excerto acima é: 

(A) A noção de cultura revelou-se o instrumento adequado para pôr fim às explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. 

(B) A novidade dessa noção foi perceber que a transmissão da cultura está sujeita à hereditariedade biológica, ou seja, há uma relação determinante entre processos biológicos e processos simbólicos. 

(C) A identidade cultural de cada povo passou a ser compreendida em si mesma, isto é, independentemente das relações mantidas com outros povos. 

(D) O surgimento do conceito científico de cultura implicou a passagem de uma definição descritiva a uma definição normativa da cultura humana. 

(E) O conceito de cultura forjado nas pesquisas antropológicas simplificou a compreensão dos processos simbólicos, incidindo na unificação cultural observada no mundo contemporâneo. 


49. Considere as duas definições abaixo. 

I. Refere-se a uma conduta plural orientada reciprocamente, cujos conteúdos significativos estão baseados na probabilidade de que se agirá socialmente de determinado modo. 

II. É uma conduta humana dotada de sentido subjetivamente orientado, tendo em vista a ação (passada, presente ou futura) de outro ou de outros, conhecidos ou não. 

Contém os conceitos de Max Weber (1864-1920) referentes a essas duas definições, correta e respectivamente: 

(A) tipo ideal e ação social.                   (B) relação social e legitimidade. 

(C) dominação e legitimação.                (D) ação social e relação social. 

(E) relação social e ação social.  


50. Em relação ao processo de constituição da sociologia como ciência no Brasil, 

(A) se comparada à sociologia francesa, a influência teórica da Escola de Chicago, ou seja, de uma perspectiva empírica que envolvia novos métodos e técnicas de pesquisa como a observação participante, os estudos de comunidade, as monografias etnográficas e a demografia, foi escassa, não resultando em muitos trabalhos e publicações. 

(B) dentre os objetos de pesquisa que fundaram uma perspectiva propriamente científica da sociologia brasileira, destacaramse os estudos sobre o meio ambiente e as novas tecnologias, os quais integraram os trabalhos de Ruy Coelho, Tales de Azevedo, Luiz de Aguiar Costa Pinto, Roger Bastide e Florestan Fernandes. 

(C) a implementação do ensino da disciplina, a partir dos cursos superiores criados em São Paulo e no Rio de Janeiro a partir da década de 1930, atendeu os requisitos de formação das elites nacionais, cujo diletantismo e autodidatismo tradicionais não correspondiam mais às exigências das modernas teorias sociais. 

(D) na construção de uma perspectiva científica para a sociologia brasileira, destacaram-se professores universitários estrangeiros oriundos de diversos países e especificamente preparados para empreender estudos sociológicos sistemáticos da realidade brasileira, como Donald Pierson, Jacques Lambert, Roger Bastide e Emilio Willems. 

(E) a sociologia de Florestan Fernandes inaugurou uma fase de maior rigor na explicação, ao realizar uma explicação global da sociedade brasileira por meio de uma reflexão ensaística, preocupada com os fatores biológicos e com a adaptação ao meio geográfico.


51. Considere as seguintes afirmações sobre a distinção entre normal e patológico no método sociológico de Émile Durkheim (1858-1917): 

I. Trata-se de uma distinção teórica que não diz respeito à intervenção prática na sociedade. 

II. Esse procedimento trouxe à sociologia a possibilidade de superar as superficialidades do evolucionismo social, com a criação de balizas para a determinação empírica dos tipos sociais. 

III. O crime é um fenômeno patológico porque fere inúmeros direitos, como o direito à propriedade e à vida. 

IV. Tal distinção se presta a substituir o juízo de valor pela verificação empírica, superando o subjetivismo. 

V. O autor procura tomar a generalidade dos fenômenos sociais como critério de sua normalidade. 

Está correto o que se afirma APENAS em 

(A) I, IV e V. 

(B) I, II e III. 

(C) III e IV. 

(D) II, IV e V. 

(E) I, II, III e V.


53. É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais. (DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Tradução de Paulo Neves. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 13, grifo no original) Sobre o conceito de “fato social”, elemento central da teoria sociológica de Émile Durkheim, é correto afirmar que 

(A) os fatos sociais são gerais porque se constituem a partir da imitação dos indivíduos uns pelos outros, em um processo que se estende pela sociedade inteira e permite à Sociologia a formulação de leis gerais. 

(B) os fatos sociais impõem-se aos indivíduos, resultando daí uma dialética entre ação individual e coerção social: tal dialética é a base da mudança social. 

(C) o sentido das ações é o objeto primordial da Sociologia, dado que a sociedade se apresenta como uma rede de significados, construídos intersubjetivamente. 

(D) a coerção da sociedade sobre o indivíduo tem um caráter absoluto e, segundo Durkheim, anula a possibilidade de mudança social ao impedir a ação dos indivíduos sobre a sociedade. 

(E) a independência dos fatos sociais de suas manifestações individuais confere-lhes uma objetividade tal que o sociólogo deve examiná-los da mesma maneira que os cientistas naturais investigam os fenômenos da natureza.


54. Sobre os diferentes conceitos de dominação na teoria sociológica, 

(A) para Max Weber, a dominação é um caso específico de poder, assentada na legitimidade, isto é, no reconhecimento que o dominado empresta ao exercício do poder pelo dominante. De acordo com essa concepção, Weber definiu três “tipos puros” da dominação: “dominação racional-legal”, “dominação carismática” e “dominação religiosa”. 

(B) no modelo de intersubjetividade que se encontra no cerne de sua teoria social, Jürgen Habermas distingue entre “ação comunicativa”, uma interação na qual um dos polos tenta fazer valer seus interesses em detrimento dos interesses dos demais envolvidos, e “ação estratégica”, uma interação na qual um ou mais sujeitos estabelecem uma comunicação com vistas ao estabelecimento de um consenso. 

(C) segundo Pierre Bourdieu, os agentes tentam, em seus respectivos campos, obter uma posição que lhes confira maior prestígio: os agentes dominantes, tentando manter suas posições e promover a reprodução das estruturas sociais; os agentes dominados, tentando galgar posições superiores no campo e subverter as relações de força instituídas, ainda que aceitem as regras fundamentais do campo. 

(D) para Michel Foucault, a disciplina é uma técnica de poder que atua no corpo dos homens, usando a punição e a vigilância como principais mecanismos para adestrar e docilizar o sujeito, em um processo que se inicia na segunda metade do século XX e tem seu auge na sociedade neoliberal, também denominada pelo autor de “sociedade disciplinar”. 

(E) na obra de Norbert Elias, a “configuração” é um conceito que exprime os efeitos exercidos pelas estruturas sociais sobre os indivíduos: uma configuração específica é assumida por um agente ou grupo de agentes, de acordo com a coerção exercida sobre ele pela estrutura à qual ele se vincula, seja essa a sociedade inteira ou agrupamentos menores, como a classe social ou a família.

55. Um sociólogo elabora um projeto de pesquisa sobre a relação entre classes sociais (definidas a partir da renda) e o uso de espaços públicos. No projeto de pesquisa, deverão ser apresentados o objetivo e a metodologia da pesquisa, além do problema de investigação, das hipóteses e do cronograma. O objetivo é realizar uma pesquisa cujos resultados espelhem o comportamento de cada estrato da população brasileira contemporânea. Apresenta uma metodologia possível para a pesquisa: 

(A) a realização de entrevistas com indivíduos pertencentes a todos os níveis de renda considerados na pesquisa, e subsequente análise de conteúdo. 

(B) a aplicação de questionários em uma cidade brasileira selecionada de acordo com a conveniência do pesquisador e generalização dos resultados para o restante do país, guardadas as proporções de distribuição dos indivíduos pelos níveis de renda. 

(C) a investigação histórica com recurso a dados secundários, analisados na literatura especializada sobre o tema. 

(D) construção de grupos focais com indivíduos pertencentes a todos os níveis de renda considerados na pesquisa. 

(E) realização de uma pesquisa amostral com aplicação de procedimentos estatísticos e técnicas quantitativas de pesquisa. 


56. Sobre os diferentes conceitos de “classe social” na teoria sociológica, 

(A) para Marx e Engels, as classes sociais são conjuntos de indivíduos que têm as mesmas oportunidades de obter bens e prestígio, resultando na possibilidade, mas não na necessidade, de uma ação política em comum. 

(B) Émile Durkheim, em acordo com seu conceito de sociedade como um organismo semelhante aos demais organismos vivos, compreendia as classes sociais como funções da divisão do trabalho social e os conflitos entre elas como perturbações da solidariedade orgânica. 

(C) Max Weber interpretou o capitalismo como um sistema baseado, desde a Reforma Protestante, no conflito entre a situação de classe da burguesia e a situação de classe do proletariado. 

(D) para Georg Lukács, a diferença fundamental entre a burguesia e o proletariado assenta no fato de que a primeira não está submetida ao fenômeno da reificação, de maneira que seu conhecimento da totalidade social garante a dominação sobre a classe trabalhadora. 

(E) ao contrário de Max Weber, para Pierre Bourdieu o conceito de classe social liga-se à sua teoria de capitais, no qual o estudo das relações entre classes e grupo de status são tratados separadamente.


57. De fato, a história não está ligada ao homem nem a nenhum objeto particular. Ela consiste, inteiramente, em seu método, cuja experiência prova que ela é indispensável para inventariar a integralidade dos elementos de uma estrutura qualquer, humana ou não humana. Portanto, longe de a busca da inteligibilidade levar à história como seu ponto de chegada, é a história que serve de ponto de partida para toda busca da inteligibilidade. Tal como se diz de algumas carreiras, a história leva a tudo mas com a condição de sair dela. (Adaptado de: Claude Lévi-Strauss, O Pensamento Selvagem. Campinas: Papirus, 1989, pp. 290-291) Sobre Claude Lévi-Strauss e sua Antropologia Estrutural, é correto afirmar: 

(A) o autor defendia a necessidade de estudar cada cultura em sua singularidade histórica, considerando ao mesmo tempo que as culturas se transformam por meio do contato interétnico, por meio do fenômeno da difusão cultural. 

(B) o autor compreendia a cultura como um conjunto de interpretações, devendo a Antropologia consistir em uma interpretação de segundo grau, isto é, uma interpretação de interpretações. 

(C) as mais variadas culturas, não obstante sua diversidade, compartilham de determinadas estruturas universais, próprias ao pensamento humano de maneira geral. 

(D) seu objeto são as funções exercidas pelos costumes e crenças em cada organismo social, o qual poderia ser estudado de maneira semelhante à de um organismo físico. 

(E) o autor realizava comparações entre as diferentes culturas, em busca do fundamento do qual todas elas derivam, cada qual delas ocupando posições distintas na mesma progressão evolutiva.


58. Por enquanto, a técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia a diferença entre a lógica da obra e a do sistema social. Isso, porém, não deve ser atribuído a nenhuma lei evolutiva da técnica enquanto tal, mas à sua função na economia atual. (ADORNO, Theodor W., HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução: Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985, p. 114) Acerca da teoria da “indústria cultural”, desenvolvida por Adorno e Horkheimer, 

(A) a esfera da arte passa por um processo de reificação, e as obras de arte apresentam-se como um sistema que se impõe sobre os indivíduos. 

(B) os autores criticam a cultura produzida pelas massas porque essas são agrupamentos humanos caracterizados pela dissolução da individualidade, não havendo espaço para o surgimento do gênio. 

(C) os autores criticam o jazz em virtude de sua origem popular, que tornou o estilo incapaz de seguir os cânones da música erudita. 

(D) os autores criticam o fato de as obras de arte serem, na sociedade capitalista, objetos de comércio. 

(E) a música popular e as manifestações folclóricas são formas artísticas que escapam ao sistema opressivo da indústria cultural, servindo de locus para sua crítica. 


59. A partir da década de 1970 nos países capitalistas centrais e, desde a década de 1990 no Brasil, o setor de serviços passou a desempenhar um papel cada vez mais central na produção econômica. No Brasil, considerando-se o total de valor gerado em conjunto com a indústria e a agropecuária, o setor de serviços saltou do patamar de 24%, em 1950, para 57%, em 1996, e 73%, em 2018. (Adaptado de: IBGE, Produto Interno Bruto dos Municípios - 2018; Jean Gadrey, “Emprego, produtividade e avaliação do desempenho dos serviços”. In: SALERNO, Mário Sérgio (Org.), Relação de Serviço: produção e avaliação. Editora Senac, 1996, pp. 23-65) Dentre as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, no Brasil contemporâneo, é correto afirmar: 

(A) o aumento do proletariado rural, em meio à reprimarização da economia brasileira ocorrida nos últimos anos como consequência do alto valor alcançado pelas commodities no mercado mundial. 

(B) a diminuição da participação das mulheres no setor de serviços, em decorrência do preconceito de gênero e do assédio sexual a que estão expostas. 

(C) a diminuição das exigências de qualificação para o trabalho, dado o crescimento do setor de serviços, no qual a especialização é pouco relevante. 

(D) o aumento do trabalho informal e do trabalho precarizado, em virtude da disseminação dos contratos temporários e de tempo parcial. 

(E) o aumento do desemprego nos últimos cinco anos em virtude dos limites rígidos à contratação impostos pela reforma trabalhista de 2017. 


60. No campo das ciências sociais, a globalização não foi um mero tema a ser incorporado a um quadro interpretativo preexistente. O fenômeno, antes, consistiu em um desafio aos quadros de análise mais gerais do pensamento sociológico. Dado que a sociedade tradicionalmente foi pensada nos marcos do Estado-nação, a crise dessa instituição significou uma crise da própria sociologia, cujos objetos preferenciais têm sido desde seu surgimento a “classe social”, a “identidade nacional”, o “Estado nacional”, os “partidos”, os “sindicatos” e os “movimentos sociais” – todos esses, conceitos insuficientes para se entender a transnacionalização das relações sociais. Associa corretamente as teorias da globalização aos autores que se debruçaram sobre a temática: 

(A) no Brasil, Octavio Ianni deteve-se no tema da globalização, decodificada por ele como “globalismo”, uma nova totalidade histórica que supera o Estado-nação e os vínculos de subordinação econômica e política unilateral, até então conceituados sob a rubrica de “imperialismo”. 

(B) para Giovanni Arrighi, o período contemporâneo se caracterizaria pela emergência de uma nova estrutura social (sociedade em rede), de uma nova economia (economia informacional global) e de uma nova cultura (cultura da virtualidade real). 

(C) Anthony Giddens propõe-se a explicar a formação do sistema-mundo do século XVI – início do sistema capitalista – e suas transformações até nossos dias, considerando o sistema capitalista como um sistema mundial. 

(D) segundo a interpretação de Immanuel Wallerstein, o processo de globalização é resultado da intensificação de alguns fenômenos típicos da modernidade, tais como a separação entre o tempo e o espaço, o desencaixe dos sistemas sociais e a reflexividade das relações sociais. 

(E) Manuel Castells desenvolveu uma teoria sistêmica sobre a decadência político-econômica dos Estados Unidos, cuja hegemonia no presente ciclo sistêmico de acumulação teria chegado ao fim. 


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