Série - Rita

 

Olás. 


Eu demorei muito para reservar um tempo para escrever sobre essa série. Também demorei muito para ter interesse em assisti-la. A foto de uma mulher fumante e o trailer com atitudes "grosseiras" certamente foram os motivos principais. Sim, eu tenho completo pavor de cigarros e me pareceu uma aposta em um estereótipo, um clichê de filme do tipo norte-americano de massa, do qual eu queria manter distância.

Num dia sem opção interessante resolvi ver do que se tratava aquele banner que eu julgava horrível. Fiquei em choque com o primeiro episódio considerando completamente antiético o comportamento daquela pretensa professora que era classificada como anárquica. Por não conseguir identificar a proposta, assisti mais um e acabei virando uma madrugada atormentada com essa série. Não muito diferente disso, resolvi escrever esta postagem após maratonar episódios dessa produção ontem e hoje.

Rita é uma transgressora e, por incrível que possa parecer, não é fácil rotulá-la. A personagem compreende bem o funcionamento das instituições e o comportamento dos indivíduos com uma profundidade muito distinta do que normalmente nos é apresentado. Se é discursiva, falante, defensora, por um lado, também é uma pessoa fechada, com dificuldade de digerir sua trajetória e seus próprios problemas, se dedicando inteiramente às vidas alheias, como uma clara fuga da realidade que teima em lhe assombrar.

Mas é a mesma mulher, mãe, filha, amiga e avó que compreende tão bem o entorno e é capaz de oferecer soluções sofisticadas, por um lado, e se sabota diuturnamente, por outro. O cigarro, o álcool e o sexo num jogo de culpa e punição são instrumentalizados para que ela sobreviva às crises e à rotina.

Muitos temas densos vão aparecendo ao longo da trama nada óbvia, mas chama a atenção as relações de gênero na família, no trabalho e na sociedade, além das reações também nada óbvias dos personagens envolvidos.

Porém, existe uma clara conduta conservadora da personagem principal com relação a mulheres mães: repetidas vezes pergunta ou demonstra buscar convencê-las de que se os filhos possuem problemas em seu desenvolvimento isso se deve à ausência de mães; em algumas cenas chega a questionar se não seria o momento de que a mulher abandonasse a carreira para ficar perto das crianças, para o quê recebe sempre respostas claras de que a carreira é importante para as suas vidas e que existe uma rede de apoio responsável também pelas crianças envolvidas.

Por fim, não faltam elementos possíveis de serem utilizados como recursos de abstração para introdução de conceitos sociológicos. Boa sorte para quem se aventurar a assistir a série e aguardo aqui os comentários sobre as percepções de vocês a respeito.


SINOPSE:

Todos os alunos sonham em ter como professora a simpática Rita Madsen (Mille Dinesen), uma mulher de personalidade forte e com talento especial para sua profissão. No entanto, fora da sala de aula a vida dessa professora é um completo desastre.


FICHA TÉCNICA:

Nome: Rita

Nome original: 

Cor: colorido

Origem: Dinamarca

Ano de produção: 2012

Gênero: Comédia dramática

Duração: ------

Classificação:  

Direção: 

Roteirista: 

Elenco: Mille Dinesen, Carsten Bjørnlund, Lise Baastrup
Criado por: Christian Torpe





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