Pensadoras do século XIX - Nísia Floresta (1810-1885)

 

Olás,

Hoje iremos conversar um pouco sobre uma brasileira Nísia Floresta (1810-1885) ou Nísia Floresta Brasileira Augusta ou, ainda, Dionísia Gonçalves Pinto, nome de registro. Ela que era natural do Rio Grande do Norte, mas fez sua trajetória de modo um tanto livre, não se assentando apenas num território, atravessando o Brasil e indo para a Europa, onde falece. Ela residiu em Portugal, Itália e França, tendo escrito alguns livros e artigos.

Ela é considerada a primeira feminista e conhecida por supostamente ter plagiado o trabalho de Mary Wollstonecraft (1759-1797). Ou, também, reconhecida como seguidora de Auguste Comte e positivista, ao final da vida.

Em 1832, Nísia publicou "Direito das mulheres e injustiça dos homens". Mas esta não foi a única publicação de sua vida. Ocorre que tal texto era considerado, como dito acima, uma "cópia de livre tradução" do clássico de 1792, Reivindicação dos direitos das mulheres. Mas essa visão acaba por ser questionada a partir da análise histórica do texto e cujo crédito é atribuído à historiadora Maria Lúcia Pallares-Burke. 

Desse modo, a teoria mais aceita hoje é a de que, na verdade, Nísia teria traduzido o texto Woman Not Inferior to Man (1743), cujo autor usa o pseudônimo de Sophia, cuja obra, por sua vez, seria uma cópia do livro De l’Égalité des Deux Sexes, de François Poulain de la Barre (1647-1723), que foi originalmente publicado em 1673 e traduzido para The Woman as Good as the Man, or the Equality of Both Sexes, por A. L. (ainda sem identificação).

Alguns artigos interessantes para aprofundar esse debate seguem citados abaixo:

• OLIVEIRA e MARTINS. "Nísia Floresta e direitos das mulheres e injustiça dos homens". Scripta Uniandrade, v. 10, n. 1, jan.-jun. 2012.
• BARBOSA, Lia Pinheiro; MAIA, Vinícius Madureira. “Nísia Floresta e ainda a controvérsia da tradução de Direitos das mulheres e injustiça dos homens”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 2, e59012, 2020.
• DUARTE, Constância Lima. “Nísia Floresta e Mary Wollstonecraft: diálogo ou apropriação?” (é a "Apresentação" do livro na edição produzida pela Fundação Ulysses Guimarães)

A trajetória de Nísia não foi simples ou linear. De uma vida que expressa posturas de combate a uma sociedade patriarcal, por um lado, até o rompimento com essa perspectiva e um alinhamento com a escola positivista, por outro.

Em todo caso, o fato de uma brasileira ter realizado uma publicação na primeira metade do século XIX já é por si algo notável. Se compararmos, no mesmo período Harriet Martineau estava finalizando as suas novelas de economia política.

Mais tarde, ao se mudar para a Europa, Nísia Floresta participa dos círculos de estudos positivistas de Auguste Comte. Resta a dúvida se ela teria tido contato com outras(os) intelectuais que viveram e produziram neste período. Por exemplo, Flora Tristan ou até mesmo Harriet Martineau.

Algumas obras:

• Direito das mulheres e injustiça dos homens (1832)
• A lágrima de um Caeté (1849) 
• Opúsculo humanitário (1853) 
• Itinerário de uma viagem à Alemanha (1857) 
• Cintilações de uma alma brasileira (1859) 
• Três anos na Itália, seguidos de uma viagem à Grécia (1864) 
• Fragmentos de uma obra inédita (1878)