Recursos Didáticos - Filmes: A filha perdida

 

Olás,


Bora para o nosso 54º filme? Que tal o polêmico "A filha perdida", baseado na obra da famosa escritora contemporânea Elena Ferrante? Polêmico não, extremamente polêmico, por tocar em tabus relacionados à maternidade e ao papel da mulher no casamento e na criação dos filhos, modulando e humanizando a figura da personagem principal sem vitimizá-la ou mostrá-la frágil, refém das situações.

Na verdade, logo no início do filme, a fragilidade é demonstrada associada a incapacidade de manutenção do trabalho, da vida, do relacionamento em razão das demandas de cuidado apresentadas pelas filhas, da sensação de incompletude sexual (pela ausência do marido ou pela presença insuficiente) e intelectual. Um drama carregado de complexidade e de uma personalidade que se apresenta ao expectador para além das expectativas sociais e do fadado conformismo e resiliência esperados das mulheres em seu papel social.

Qual a sua sensação ao ver o filme? Quão grande foi o seu desconforto ou seu incômodo? Consegue identificar as razões disso? Certamente um exercício de socionálise muito interessante e rico, mas também tormentoso, por nos colocar "em cena", vivenciando essa maternidade não disciplinada e com autonomia, como diria minha amiga Tábata Berg.
Vários textos dialogam diretamente com a temática, citarei apenas alguns. Entre os clássicos da teoria social, certamente se encontram as contribuições de:
  • Christine de Pizan;
  • Marie de Gournay;
  • Mary Wollstonecraft;
  • Harriet Martineau;
  • Flora Tristan;
  • Marianne Weber.
Isso, se falarmos da contribuição de textos clássicos escritos por mulheres, mas podemos também chamar para a conversa François Poullain de la Barre e Condorcet.
Já quanto aos textos contemporâneos, cito três em particular que certamente dão subsídio para um bom diálogo com o filme:
  • Betty Friedan. A mística feminina.
  • Carole Pateman. O contrato sexual.
  • Gerda Lerner. A criação do patriarcado.
Entretanto, mencionei apenas a primeira "fase" do filme e um dos muitos aspectos. Por ser uma obra rica, creio que várias outras abordagens são possíveis de fornecerem subsídios para o ensino de Sociologia. Que aspecto vocês consideram mais relevante e com qual autora ou autor vocês pensam esse diálogo?


SINOPSE:

Em A Filha Perdida, Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas. Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Grécia. Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe.  Adaptado do livro de Elena Ferrante, autora de A Amiga Genial, o longa dirigido por Maggie Gyllenhaal traz uma reflexão tocante sobre maternidade, individualidade e culpa, com um desfecho que deixou em aberto muitas possibilidades de interpretação. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado. 


FICHA TÉCNICA:

Nome: A filha perdida

Nome original: The Lost Daughter

Cor: colorido

Origem: EUA/Grécia

Ano de produção: 2021

Gênero: Drama

Duração: 02h02

Classificação: 16

Direção: Maggie Gyllenhaal

Roteirista: Elena FerranteMaggie Gyllenhaal

Elenco: Olivia ColmanJessie BuckleyDakota Johnson

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