Questões de Concurso - CEPERJ 2015 SEDUC RJ Sociologia

Olás,


Bora para a nossa 9ª prova de concurso, cujo conteúdo necessariamente contemple temas de Sociologia. Essa já é uma prova mais tradicional, com mais questões de introdução à Sociologia e sobre os chamados clássicos. Lembrando que comentários, dúvidas e debates sobre a forma e conteúdo das questões são muito bem-vindos.


21. Os fundadores da Sociologia, entre eles Augusto Comte, analisam em seus trabalhos mudanças sociais profundas que marcaram a Europa dos séculos XVIII e XIX. Para Comte, o momento por ele analisado era de derrocada da sociedade teológica e militar e sua substituição pela sociedade: 

A) metafísica e positiva 

B) metafísica e industrial 

C) científica e racional 

D) positiva e industrial 

E) científica e industrial 


22. Em termos da metodologia das ciências sociais, a proposição de Durkheim para o estudo dos fenômenos sociais é analisá-los como: 

A) sentimentos 

B) conflitos 

C) argumentos 

D) coisas 

E) ideias 


23. Em “As Etapas do Pensamento Sociológico” (2002), Raymond Aron afirma que cada autor por ele tratado como “primeira geração da sociologia” possui uma concepção da sociedade moderna e de seus desafios e tendências. Nesse sentido, Aron afirma que, para Tocqueville, a sociedade moderna seria caracterizada pela: 

A) desigualdade 

B) democracia 

C) competição 

D) solidariedade 

E) centralização


24. Para muitos pensadores do Pensamento Social Brasileiro, o Brasil dos séculos XIX e XX seria caracterizado por uma estrutura agrária arcaica e por uma consequente ausência de valores cívicos. Ao mesmo tempo, teríamos produzido uma estrutura institucional legal liberal considerada moderna para os padrões dos países em desenvolvimento. Essa representação do Brasil como moderno e arcaico pode ser condensada na categoria: 

A) dualidade 

B) progresso 

C) miscigenação 

D) cordialidade 

E) atraso 


25. Segundo Durkheim (s/d.), “É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos”. Para o autor, o que determina o tipo de educação em cada sociedade: 

A) é o desejo das famílias 

B) são os costumes e as ideias 

C) é a formação do educador 

D) são os parâmetros curriculares 

E) são a ciência e o progresso 


26. “Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais”. Ao comparar a pós-modernidade, como definida acima, com a modernidade, que seria caracterizada por menos liberdade e mais segurança (e mal-estar), Bauman (1998) busca analisar a atualização do importante conceito sociológico de: 

A) identidade 

B) sociedade 

C) cultura 

D) individualismo 

E) nacionalismo


27. Boaventura de Sousa Santos, em “Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade” (1994), argumenta que o pós-marxismo da década de 1980 teria como traço principal ser “antirreducionista, antideterminista e processualista”. Como exemplo de tal pós-marxismo, destaca, fora dos países centrais, os estudos sobre novos movimentos sociais e sobre a transição democrática na América Latina e os estudos sobre contextos coloniais e pós-coloniais, na Índia. Segundo ele, o reducionismo econômico seria criticado por não permitir a contextualização, em seus próprios termos, de fatores: 

A) ideológicos e filosóficos 

B) morais e éticos 

C) racionais e inteligíveis 

D) estruturais e contextuais 

E) políticos e culturais 


28. Gilberto Velho, no livro “Individualismo e Cultura” (1999), discute a relação indivíduo e sociedade argumentando que, apesar das determinações sociais, existe na sociedade margem de manobra para opções e alternativas, ou seja, para que o sujeito decida e escolha caminhos específicos. Para realizar essa reflexão, o autor utiliza a noção de: 

A) símbolo 

B) consciência 

C) identidade 

D) projeto 

E) valor 


29. “Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado” (Geertz,1989). A partir desse fragmento, pode-se classificar tanto a antropologia de Geertz como a sociologia de Weber como: 

A) positivista 

B) estruturalista 

C) compreensiva 

D) materialista 

E) funcionalista 


30. Para Marx e Engels “A história de todas as sociedades até nossos dias é a história da luta de classes”. A clássica afirmação, presente no Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, apresenta a definição dos autores para como ocorrem, em sociedade, os processos de mudança e transformação. Em tal perspectiva, denominada materialismo histórico, a relação entre opressores e oprimidos é marcada: 

A) pelo acordo 

B) pela solidariedade 

C) pela concorrência 

D) pela cooperação 

E) pelo antagonismo 


31. Em Casa-Grande e Senzala, Freyre (2005) discute como a casa grande reuniria ao redor do senhor de escravos todos aqueles que este considerava como seus bens: família, herdeiros, amantes, escravos, agregados, políticos, padres etc., incorporando todos à estrutura da propriedade, ao invés de separar e discriminar. Assim, Freyre apresenta a partir dessa metáfora um dos traços característicos da organização social e política do Brasil denominado: 

A) patriarcalismo 

B) republicanismo 

C) feudalismo 

D) racismo 

E) populismo


32. No fragmento “Uma mercadoria, portanto, é algo misterioso simplesmente porque nela o caráter social do trabalho dos homens aparece a eles como uma característica objetiva estampada no produto deste trabalho (…)”, Marx apresenta seu argumento sobre o “fetichismo da mercadoria”. Refere-se à noção de que o valor das mercadorias é apresentado aos trabalhadores que as produzem como uma equivalência entre esses produtos quando, na verdade, trata-se de: 

A) um fenômeno mágico 

B) uma abstração ideológica 

C) uma negociação prática 

D) uma relação social 

E) uma troca justa 


33. Segundo Weber, quando o exercício do poder é visto como legítimo trata-se de dominação, que ele classifica em três tipos. Um deles é caracterizado pela confiança na ordem, nas regras e na competência técnica dos que exercem a dominação. A esse tipo (puro) de dominação, o autor nomeia como: 

A) legal 

B) tradicional 

C) carismático 

D) devocional 

E) irracional


34. Santos (1996), ao analisar a década de 1980 e 1990, chama a atenção para o embricamento temporal entre o processo de Globalização, a decorrente internacionalização da economia, e as diferentes experimentações sociais de formulação de alternativas ao modelo de desenvolvimento econômico e social do capitalismo. No que tange à democracia e à cidadania, o autor destaca o aparecimento de fenômenos sociais que representariam uma das consequências desse embricamento, tanto nos países centrais quanto nos periféricos. O autor faz referência ao surgimento de: 

A) quadrilhas internacionais de tráfico de drogas 

B) partidos de extrema direita e fundamentalistas 

C) cooperativas de pequenos produtores agrários 

D) novos movimentos sociais e movimento populares 

E) formas alternativas de produção de bens e serviços 


35. Para Sérgio Buarque de Holanda (2005), um dos traços fundantes de nossa identidade, resultado de nosso passado de colônia portuguesa, seria a rejeição à impessoalidade e a busca por tratamentos especiais em situações que seriam, em outras culturas, tratadas a partir de critérios de universalidade - o famoso “jeitinho brasileiro”. Essa característica da identidade brasileira foi nomeada pelo autor como: 

A) cordialidade 

B) simpatia 

C) indignação 

D) coragem 

E) preconceito


36. De acordo com Néstor Garcia Canclini (1999), 95% da programação televisiva no México é de produções norte-americanas. Para o autor, para além das análises que identificam nesse dado um exemplo da força da indústria cultural de massas, pode-se também usar o consumo para refletir sobre processos socioculturais mais amplos, como o surgimento de comunidades transnacionais ou desterritorializadas de consumidores, onde se compartilham outras modalidades de sentido social que não a nacionalidade, por exemplo. Neste sentido, Canclini chama atenção para o fenômeno de transformação: 

A) dos estatutos e leis nacionais de comércio dos bens culturais 

B) das formas tradicionais de pertencimento ou identidade 

C) das estruturas institucionais de concessão de cidadania nacional 

D) das configurações arcaicas de controle de fronteiras 

E) dos modelos hegemônicos de bens culturais eruditos


37. Para Durkheim, “Não há povo em que não exista certo número de ideias, sentimentos e práticas que a educação deve inculcar a todas as crianças, indistintamente, seja qual for a categoria social a que pertençam”. Émile Durkheim é considerado um pensador preocupado com a questão da ordem social. Em seus estudos sobre Educação, destaca que a importância desta, em relação à vida social, é de ter uma função: 

A) transformadora 

B) desnecessária 

C) reguladora 

D) burocrática 

E) disruptiva 


38. “Seja como for, a era moderna continua a operar sob a premissa de que a vida, e não o mundo, é o bem supremo do homem (…).” (ARENDT, 1999: 332). Em “A Condição Humana”, Hannah Arendt discute como o advento do cristianismo esvaziou a importância que o espaço público tinha na Antiguidade, ao valorizar a vida e a luta pela sua continuidade, através do labor e do trabalho, em detrimento do pensamento, da reflexão e da participação na vida pública. Expressando uma preocupação presente em outro de seus trabalhos, para a autora, a consequência para o homem moderno dessa inversão de valores é a perda: 

A) da solidariedade social 

B) da fraternidade coletiva 

C) do individualismo liberal 

D) da liberdade política 

E) da dignidade humana


39. Quando Marx e Engels escrevem sobre luta de classes no “Manifesto do Partido Comunista” estão utilizando como critério para diferenciação dos grupos sociais: 

A) a propriedade dos bens de produção 

B) a capacidade biológica de reprodução 

C) a competência técnica dos indivíduos 

D) a origem histórica das famílias 

E) o mérito individual e a capacidade de trabalho 


40. Segundo Norberto Bobbio (2000), “Diante da variedade de formas de governo, há três posições possíveis: a) todas as formas existentes são boas; b) todas são más; c) algumas são boas, outras são más”. Neste sentido, o autor argumenta que o cientista social e o escritor político buscam não apenas descrever as formas de governo, mas também aprová-las e desaprová-las, produzindo uma tipologia que classifica como: 

A) racional 

B) tautológica 

C) metafísica 

D) sistemática 

E) axiológica 


41. Raymond Aron (2002), ao apresentar a obra “Da divisão do Trabalho Social“, de Émile Durkheim, chama a atenção para a distinção entre os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica, que corresponderiam à duas formas extremas de organização social. Para caracterizar os dois tipos ele utiliza, respectivamente, os termos: 

A) anomia e consciência 

B) semelhança e diferenciação 

C) passividade e iniciativa 

D) tradição e carisma 

E) coerção e consenso


42. Em “O mal-estar na pós-modernidade”, Bauman (1998) apresenta os ‘tipos’ que personificam o período contemporâneo: o turista e o vagabundo, em oposição aos ‘tipos’ modernos; os arrivistas e os párias que, como nômades, são caracterizados por estar sempre em movimento, mas buscando um lugar para permanecer. Nesse sentido, o que caracterizaria a pós-modernidade para o autor é: 

A) a possibilidade de viajar 

B) o poder da Igreja Católica 

C) a identidade rígida 

D) o tempo e espaço fluidos 

E) o consumismo cultural 


43. Para Max Weber, o que caracterizaria o capitalismo moderno por ele analisado seria a busca por eficácia na realização dos objetivos, conceito expresso na categoria: 

A) racionalidade 

B) dominação 

C) individualidade 

D) tradição 

E) carisma 


44. Em uma de suas principais formulações na obra “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda (2005) afirma que “somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra”. O autor busca analisar, a partir dessa constatação, as instituições, formas de convívio e ideais brasileiros, e considera como fator dominante nas origens da sociedade brasileira: 

A) o interesse do brasileiro pelas culturas ocidentais 

B) a proximidade com os vizinhos latino-americanos 

C) a tentativa de implantar aqui uma cultura europeia 

D) o fascínio pelos valores da república francesa 

E) a admiração pelas instituições britânicas e alemãs


45. Para Alexander, em Teoria Social Hoje (apud Giddens & Turner org., 1999), um clássico é um texto que permite ao cientista social aprender com ele tanto quanto com a leitura de um autor contemporâneo. O autor defende que se leia os clássicos para refletir sobre questões contemporâneas, em oposição a uma abordagem que vê tais obras apenas como: 

A) literatura erudita 

B) documentos históricos 

 C) estudos de caso 

D) narrativas individuais 

E) proposições teóricas 


46. Após a 2ª Guerra Mundial, o campo da teoria social estava bastante centralizado em torno do que Giddens e Turner (1999), em “Teoria Social Hoje”, definiram como ‘empirismo lógico’, ou seja, que a ciência social deveria ter os mesmos critérios de validade e procedimento que a ciência natural. A partir dos anos 1970, contudo, os autores identificam uma ‘mudança decisiva’ no campo, resultado de novas abordagens teóricas inclusive no campo da ciência natural. A consequência dessa ‘mudança decisiva’ foi: 

A) o descrédito da ciência social como científica 

B) a proliferação de novas abordagens teóricas 

C) o fortalecimento do ‘empirismo lógico’ 

D) o descrédito da ciência natural como científica 

E) a disputa entre pesquisadores pelo status de cientistas


47. Em “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a briga de galos balinesa”, Geertz (1989) compara a briga de galos realizada em Bali com a apreciação de obras de arte, e demonstra como é possível compreender a mentalidade do balinês a partir de sua relação com o embate ali travado: “É apenas na aparência que os galos brigam ali – na verdade, são os homens que se defrontam”. Nesse sentido, também a briga de galos balinesa é: 

A) uma tradição européia assimilada pelos nativos 

B) uma ficção representada pelo estado 

C) um meio de expressão das paixões sociais 

D) um instrumento de dominação colonial 

E) uma forma de contestação do estado 


48. Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Max Weber investiga a relação entre a ascese religiosa em sua versão protestante e as raízes culturais do capitalismo. Neste sentido, o autor não defende a sobredeterminação do cultural sobre o econômico, mas argumenta que entre os dois fenômenos há uma relação de: 

A) antagonismo 

B) subordinação 

C) influência 

D) negação 

E) solidariedade 


49. Segundo Bobbio (2000), autores como Rousseu, Maquiavel e Bodin não classificam a ditadura como uma forma de governo corrompida; ela poderia ser justificada em momentos de excepcionalidade. Contudo, Bobbio afirma que o que distinguiria a ditadura de formas negativas de governo como a tirania e o despotismo seria sua natureza: 

A) legítima 

B) permanente 

C) constitucional 

D) democrática 

E) temporária 


50. Em “Individualismo e Cultura”, Velho (1981) defende que o cientista social pode investigar sua própria sociedade, chamando atenção para o fato de que o conhecimento advindo da experiência pessoal não é sinônimo de conhecimento científi co. Para o autor, a investigação sobre a própria cultura pode permitir uma compreensão da complexidade dos fenômenos sociais para além dos “mapas e códigos básicos nacionais e de classe através dos quais fomos socializados”. Para tanto, defende que o cientista social: 

A) rejeite o familiar 

B) etnografe a realidade 

C) aproxime-se do familiar 

D) estranhe o familiar 

E) descreva a realidade

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